de Crotona, quando encontrou o Ângulo Recto Mau, que lhe perguntou:
− Onde vais?
Pitágoras respondeu:
− Vou a caminho de Crotona.
− E que levas aí, nessa mochila? − perguntou o Ângulo Recto Mau.
− Um livro de Matemática. Vou estudar as potências com o meu mestre,
Sr. p − respondeu ele.
− Agora já não vais. Vou comer-te … tens um ar bastante apetitoso e matemático. −disse o Ângulo Recto Mau.
− Isso é que não vais. Vou transformar-te num triângulo rectângulo. – disse o matemático, pegando na sua espada √ d’ a¨o (raiz quadrada de aço).
Depois de uma árdua luta entre ambos, Pitágoras deu um golpe sobre o
Ângulo Recto e quebrou um dos segmentos de recta, conseguindo transformá-
-lo num triângulo rectângulo.
− Assim nunca mais comerás ninguém! − exclamou o estudioso.
Pitágoras continuou o seu caminho para Crotona, levando consigo o Triângulo
Rectângulo. Parou para descansar um pouco e comer uns bolos de ÷ que tinha preparado em casa da sua mãe, pois tinha lá ido passar o fim-de-semana.
− Que delícia estes bolos! A minha mãe tem cá umas receitas! – exclamou Pitágoras, enquanto olhava para os maravilhosos bolos.
Estava à sombra de uma árvore chamada poligoneira, que tinha como nome científico fructus poligonalis. Trepou até à copa, mas apenas apanhou um pentágono, um heptágono, um eneágono e um gigágono. Ficou admirado como um polígono podia ter tantos lados:
− Meu Deus! Aqui se vê quão bela é a matemática! Este poligófruto deve ter um bilião de lados, sendo assim um gigágono!...
Apanhados estes frutos, Pitágoras prosseguiu o seu caminho até que chegou
a Crotona, uma cidade grande, barulhenta, mas de grande valor matemático.
“Ding dong” fez o sino que servia de campainha da casa do Sr. p.
− Boa tarde, jovem. Preparado para mais uma aula de Matemática? – perguntou o Sr. p .
− Claro. Para ter uma aula de matemática, estou sempre pronto. – respondeu Pitágoras. − Hoje vamos dar as potências, não é? Pesquisei um pouco sobre o assunto e parece-me interessante.
− E é, meu jovem. Servem para representar multiplicações onde o factor se repete. Mas entremos, que eu já te explico em pormenor.
E Pitágoras entrou na humilde casa do seu mestre e começou a aula de matemática. Pitágoras ficou tão entusiasmado, que se servia de tudo para fazer potências. Acabada a explicação, agradeceu ao Sr. p.
Quando ia a caminho de casa, em Siracusa, sentiu o Triângulo Rectângulo mexer-se dentro da sua mochila.
− Que estás a fazer? − perguntou ele.
− Estava a ler o teu livro de matemática. É bastante interessante. – respondeu o Triângulo Rectângulo, que estava mais interessado no livro do que na sua conversa com o novo amigo.
− Tive uma ideia. Posso fazer uma potência com o comprimento dos teus lados? –
perguntou Pitágoras com ar amigável.
− Está bem. − respondeu o Triângulo Rectângulo com ar pouco importado.
O matemático tirou um lápis e um papel da sua mochila e começou a elevar a medida dos lados do Triângulo Rectângulo ao quadrado e, de repente deu um berro:
− Eureka! Eureka!
− O quê?! Eureka?! O que é isso?! − perguntou com ar de admiração o
Triângulo Rectângulo.
− Quem disse isto foi Arquimedes, quando descobriu o Princípio da Hidrostática.
Esta palavra significa “descobri”. − respondeu o estudioso.
− Mas, afinal, descobriste o quê? − perguntou o Triângulo Rectângulo.
− Se somarmos o quadrado do comprimento dos dois lados do teu ângulo
recto é igual ao quadrado do restante lado. − explicou Pitágoras.
− Podias simplificar isso, dando nomes aos lados? − aconselhou o amigo.
− Já sei, os lados que constituem o ângulo recto vão-se chamar Catetos “a”
e “b”, o nome do meu papagaio e o outro lado vai ser a Hipotenusa, o nome da
minha gata. − disse Pitágoras.
− A mim parece-me bem. Então e não há uma fórmula? Todos os teoremas têm uma fórmula. − disse o Triângulo Rectângulo, quase como picando o seu amigo matemático.
− Então, deixa-me cá ver… Já sei: H2 = Ca
2 + Cb
2. − respondeu Pitágoras.
Entretanto, apareceram os netos do matemático:
− Olá avô, que estás a fazer?
− Acabei de fazer uma descoberta. − respondeu o avô muito vaidoso.
Os netos do estudioso adoravam matemática e pediram-lhe empolgados:
− Conta-nos a tua descoberta.
− Está bem! Conto-vos a caminho de Siracusa. − respondeu o avô.
Eles partiram, juntamente com o Triângulo Rectângulo, que foi viver para casa de Pitágoras e este lá foi explicando o teorema aos netos, e foi assim que surgiu a lengalenga: “A caminho de Siracusa disse Pitágoras aos seus netos, o quadrado da Hipotenusa é igual à soma do quadrado dos Catetos”.
Gustavo Marques, Histórias com... matemática
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