Beatriz, quando soube da notícia, ficou alarmada. Como era possível que alguém se atrevesse a deitar abaixo o plátano, o seu velho amigo, o mais lindo plátano em toda a cidade e sempre tão apreciado que até servira para dar nome à rua onde crescera? E não faria tão boa figura em frente do novo edifício como a que tinha feito em frente do desaparecido? Não continuaria também a dar hospedagem aos pássaros e abrigo às pessoas nos dias de chuva ou de sol?
Que mais podia um edifício novo desejar do que ter como enfeite uma árvore daquelas, conhecedora de tudo o que, durante alguns séculos, acontecera na Rua do Plátano? E talvez até soubesse falar, é bem possível, e então talvez pudesse contar ao edifício novo tudo aquilo a que assistira nos tempos passados.
Foi em tudo isto que Beatriz pensou. Falou aos pais e aos professores, mas ninguém lhe indicava uma solução para o caso. Todos diziam:
– Quem manda na cidade são as autoridades.
Finalmente, Beatriz resolveu escrever uma carta a essas autoridades que, no seu entender, estavam prestes a cometer uma falta irreparável pois, mesmo se um dia se viessem a arrepender de ter feito perder à cidade o plátano mais lindo que lá havia e se resolvessem a plantar outro, quantos e quantos anos não levaria ele a fazer-se uma árvore que se visse! Foi o que explicou na carta e, no fim, rematou:
«As senhoras autoridades decerto vão achar que eu tenho razão e, por isso, desistirão de deitar abaixo o plátano da Rua do Plátano.
Hão-de ver que ele vai fazer o mesmo vistão em frente do novo edifício dos Correios que fazia em frente do velho.
Muitos cumprimentos da Beatriz.»
Ilse Losa, Beatriz e o Plátano
gostei muito da hestoria
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