Como sugestão de leitura na Semana da Leitura aqui deixo uma obra que encantará todos aqueles que a lerem.
Ulisses e os companheiros reuniram-se logo no meio da caverna e combinaram o que haviam de fazer. O pedregulho que tapava a entrada era muito pesado e não conseguiram sequer movê-lo um centímetro. Se matassem o gigante, acabariam por ficar ali fechados para sempre. Mas se conseguissem que fosse o próprio gigante a afastar o pedregulho... E como?
Bom, primeiro resolveram retemperar as forças perdidas após tantos sustos e tanta aflição. Acabaram de assar o veado e comeram-no, beberam o leite das ovelhas e das cabras e descansaram um pouco. Depois pegaram num tronco de árvore fina que ali encontraram e aliaram-no muito bem na ponta. Nas cinzas da fogueira tornaram essa ponta incandescente. E então, todos à uma, apontando a ponta ardente na direcção do único olho do gigante adormecido. (…)
No meio da noite cerrada, os seus urros, e gritos ecoavam de uma forma tremenda.
Ele atroava aos ares:
- Acudam, meus irmãos! Acudam, meus irmãos!
Maria Alberta Menéres, Ulisses, Ed. ASA
Os ciclopes das outras ilhas acordaram estremunhados e disseram uns para os outros:
- É Polifemo que está a chamar por nós, e está a pedir socorro. Temos de ir lá ver o que é, temos de lhe acudir!
(...) E chegaram todos à porta da gruta onde morava Polifemo (...)
A conversa que se seguiu foi esta:
- Ó Polifemo, o que tens?
- Ai meus irmãos, acudam! Ninguém quer matar-me...
- Pois não, Polifemo, ninguém te quer matar.
- Não é isso, seus palermas! O que eu estou a dizer é que ninguém está aqui e Ninguém quer matar-me!
- Pois é, rapaz! E o que estamos a perceber muito bem: ninguém está aqui e ninguém te quer matar...
- Não é isso, seus idiotas!...
E não havia maneira de se entenderem uns com os outros. Quando os ciclopes perceberam que o Polifemo estava já muito zangado, dizendo sempre aquelas coisas que eles já tinham ouvido.(...)
Maria Alberta Menéres, Ulisses, Ed. ASA
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