Lê este pequeno excerto da obra de Luísa Ducla Soares, Crime no Expresso de Tempo, e vais ver que ficarás curioso para saber como vai terminar esta viagem.
Havia dois anos que Marco, maquinista, conduzia o Expresso do Tempo.
Todas as manhãs, às oito em ponto, todas as tardes, às duas horas, recebia uma centena de passageiros na estação, trancava cuidadosamente portas e janelas, ligava a aparelhagem sonora (que substituía a hospedeira em férias).
Então, uma cassete de voz doce explicava:
"Minhas senhoras e meus senhores, vamos iniciar a mais fantástica de todas as viagens, a viagem através do tempo.
Haverá diversas paragens no passado, cuidadosamente escolhidas para interessarem adultos e crianças, sem chocarem ninguém.
No século dezanove vamos assistir à inauguração do caminho-de-ferro em Portugal, com a presença do rei D. Pedro V.
No século quinze veremos Vasco da Gama partir na sua famosa viagem para a Índia.
Na época medieval assistiremos a um torneio a cavalo e a uma sessão musical de trovadores.
Conheceremos o Portugal romano, vendo o teatro de Lisboa a funcionar. Só é pena os actores falarem latim, língua que já ninguém fala.
Finalmente, vamos parar no tempo em que os dinossauros viviam onde hoje estamos.
Coloquem por favor os cintos de segurança e mantenham-nos apertados durante todo o percurso.
Será servido um lanche em 1143, comemorando a fundação de Portugal. As bandejas descerão automaticamente diante de vós.
A Companhia de Viagens Intertemporais a todos deseja uma excursão agradável, instrutiva, que ninguém poderá esquecer."
Luísa Ducla Soares in Crime no Expresso do Tempo