Aqui está a casa
que fez o João.
Aqui está o saco do grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.
Aqui está o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.
Aqui está o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.
Aqui está o cão
que mordeu o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa que fez o João.
recolha de Natércia Rocha
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Meu quarto é um violino,
Para andar de carrossel
Para namorar as ratinhas
Luísa Ducla Soares, A Gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca, Editorial Teorema
a minha rua um piano
junto ao largo do tambor
é que eu moro todo o ano.
Minha escada é uma harpa,
nos pratos da bateria
vou sempre matar a fome,
seja noite ou seja dia.
Para andar de carrossel
eu ponho um disco a girar.
Bato-lhe com a batutas
Para namorar as ratinhas
canto lindos madrigais
e em vez de notas de banco
uso notas musicais.
Luísa Ducla Soares, A Gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca, Editorial Teorema
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Tabuada dos Dois
- Dois vezes um dois.
Dois vezes três seis.
Dois vezes quatro oito.
Dois vezes cinco dez.
Dois vezes seis doze.
Dois vezes sete catorze.
Dois vezes oito dezasseis.
Dois vezes nove dezoito.
Dois vezes dez vinte.
Não sou tua criada.
João Pedro Messeder, Versos com Reversos, Caminho
Carrega-me com os bois.
Dois vezes dois quatro.
Engraxa-me os sapatos.
Dois vezes três seis.
Ganhas uns vinténs.
Dois vezes quatro oito.
Talvez sete ou oito.
Dois vezes cinco dez.
Dois vezes seis doze.
Afinal dou-te onze.
Dois vezes sete catorze.
Nem onze nem doze.
Dois vezes oito dezasseis.
Só te dou é seis.
Dois vezes nove dezoito.
Faço-te num oito.
Dois vezes dez vinte.
Chega de preguiça.
Não sou tua criada.
Só te dou de meu
esta rima errada.
João Pedro Messeder, Versos com Reversos, Caminho
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
As duas velhinhas
Duas velhinhas muito bonitas,
Uma diz:"Como a tarde é linda,
Tomam chocolate, as velhinhas,
Cecília Meireles, Ou isto ou aquilo, Nova Fronteira
Mariana e Marina,
estão sentadas na varanda:
Marina e Mariana.
Elas usam batas de fitas,
Mariana e Marina,
e penteados de tranças:
Marina e Mariana.
Mariana e Marina,
em xícaras de porcelana:
Marina e Mariana.
Uma diz:"Como a tarde é linda,
não é, Marina?"
A outra diz: "Como as ondas dançam,
não é Mariana?"
"Ontem, eu era pequenina",
diz Marina.
Ontem, nós éramos crianças",
diz Mariana.
E levam à boca as xicrinhas,
Mariana e Marina,
as xicrinhas de porcelana:
Marina e Mariana.
Tomam chocolate, as velhinhas,
Mariana e Marina,
em xícaras de porcelana:
Marina e Mariana.
Cecília Meireles, Ou isto ou aquilo, Nova Fronteira
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
A Bela Infanta
Estava a bela infanta
No seu jardim assentada,
Com o pente de oiro fino
Seus cabelos penteava
Deitou os olhos ao mar
Viu vir uma nobre armada;
Capitão que nela vinha,
Muito bem que a governava.
- "Dize-me, ó capitão
Dessa tua nobre armada,
Se encontraste meu marido
Na terra que Deus pisava."
-"Anda tanto cavaleiro
Naquela terra sagrada...
Dize-me tu, ó senhora
As senhas que ele levava."
-"Levava cavalo branco,
Selim de prata doirada;
Na ponta da sua lança
A cruz de Cristo levava."
-"Pelos sinais que me deste
Lá o vi numa estacada
Morrer morte de valente:
Eu sua morte vingava."
-"Ai triste de mim viúva,
Ai triste de mim coitada!
De três filhinhas que tenho,
Sem nenhuma ser casada!..."
-"Que darias tu, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"Dera-lhe oiro e prata fina
Quanta riqueza há por í."
-"Não quero oiro nem prata,
Não nos quero para mi':
Que darias mais, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"De três moinhos que tenho,
Todos os três tos dera a ti;
Um mói o cravo e a canela,
Outro mói do gerzeli:
Rica farinha que fazem!
Tomara-os el-rei para si."
-"Os teus moinhos não quero,
Não os quero para mi:
Que darias mais, senhora,
A quem to trouxera aqui?"
-"As telhas do meu telhado,
Que são de oiro e marfim."
-"As telhas do teu telhado
Não nas quero para mi":
Que darias mais, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"De três filhas que eu tenho
Todas três te dera a ti:
Uma para te calçar,
Outra para te vestir
A mais formosa de todas
Para contigo dormir."
-"As tuas filhas, infanta,
Não são damas para mi':
Dá-me outra coisa, senhora,
Se queres que o traga aqui."
-"Não tenho mais que te dar.
Nem tu mais que me pedir."
-"Tudo não, senhora minha.
Que inda não te deste a ti."
-"Cavaleiro que tal pede,
Que tão vilão é de si,
Por meus vilãos arrastado
O farei andar por aí
Ao rabo do meu cavalo
À volta do meu jardim.
Vassalos, os meus vassalos,
Acudi-me agora aqui!"
-"Este anel de sete pedras
Que eu contigo reparti...
Que é dela a outra metade?
Pois a minha, vê-la aí!"
-"Tantos anos que chorei,
Tantos sustos que tremi!...
Deus te perdoe, marido,
Que me ias matando aqui."
Almeida Garrett
No seu jardim assentada,
Com o pente de oiro fino
Seus cabelos penteava
Deitou os olhos ao mar
Viu vir uma nobre armada;
Capitão que nela vinha,
Muito bem que a governava.
- "Dize-me, ó capitão
Dessa tua nobre armada,
Se encontraste meu marido
Na terra que Deus pisava."
-"Anda tanto cavaleiro
Naquela terra sagrada...
Dize-me tu, ó senhora
As senhas que ele levava."
-"Levava cavalo branco,
Selim de prata doirada;
Na ponta da sua lança
A cruz de Cristo levava."
-"Pelos sinais que me deste
Lá o vi numa estacada
Morrer morte de valente:
Eu sua morte vingava."
-"Ai triste de mim viúva,
Ai triste de mim coitada!
De três filhinhas que tenho,
Sem nenhuma ser casada!..."
-"Que darias tu, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"Dera-lhe oiro e prata fina
Quanta riqueza há por í."
-"Não quero oiro nem prata,
Não nos quero para mi':
Que darias mais, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"De três moinhos que tenho,
Todos os três tos dera a ti;
Um mói o cravo e a canela,
Outro mói do gerzeli:
Rica farinha que fazem!
Tomara-os el-rei para si."
-"Os teus moinhos não quero,
Não os quero para mi:
Que darias mais, senhora,
A quem to trouxera aqui?"
-"As telhas do meu telhado,
Que são de oiro e marfim."
-"As telhas do teu telhado
Não nas quero para mi":
Que darias mais, senhora,
A quem no trouxera aqui?"
-"De três filhas que eu tenho
Todas três te dera a ti:
Uma para te calçar,
Outra para te vestir
A mais formosa de todas
Para contigo dormir."
-"As tuas filhas, infanta,
Não são damas para mi':
Dá-me outra coisa, senhora,
Se queres que o traga aqui."
-"Não tenho mais que te dar.
Nem tu mais que me pedir."
-"Tudo não, senhora minha.
Que inda não te deste a ti."
-"Cavaleiro que tal pede,
Que tão vilão é de si,
Por meus vilãos arrastado
O farei andar por aí
Ao rabo do meu cavalo
À volta do meu jardim.
Vassalos, os meus vassalos,
Acudi-me agora aqui!"
-"Este anel de sete pedras
Que eu contigo reparti...
Que é dela a outra metade?
Pois a minha, vê-la aí!"
-"Tantos anos que chorei,
Tantos sustos que tremi!...
Deus te perdoe, marido,
Que me ias matando aqui."
Almeida Garrett
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Poesia
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Fundo do mar
No fundo do mar há brancos pavores,
Sophia de Mello Breyner Andresen
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Sophia de Mello Breyner Andresen
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Loas à Chuva e ao Vento
Chuva, por que cais?
Ó vento que vais,
Muito de mansinho
Que canto tão frio
Que triste lamento,
E os pássaros cantam
Matilde Rosa Araújo, O Livro da Tila
Vento, aonde vais?
Pingue...Pingue...Pingue...
Vu...Vu...Vu...
Chuva, porque cais?
Vento, aonde vais?
Pingue...Pingue...Pingue...
Vu...Vu...Vu...
Ó vento que vais,
Vai devagarinho.
Ó chuva que cais,
Pingue...Pingue...
Vu...Vu...
Muito de mansinho
Em meu coração.
Já não tenho lenha,
Nem tenho carvão...
Pingue...Pingue...
Vu...Vu...
Que canto tão frio
Que canto tão terno,
O canto da água,
O canto do Inverno...
Pingue...
Que triste lamento,
Embora tão terno,
O canto do vento,
O canto do Inverno...
Vu...
E os pássaros cantam
E as nuvens levantam!
Matilde Rosa Araújo, O Livro da Tila
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Abecedário sem Juízo
A é a Ana, a cavalo numa cana.
C é a Cristina, nada fora da piscina.
D é o Diogo, com chichi apaga o fogo.
E é a Eva, olha o rabo que ela leva.
F é o Francisco, come as conchas do marisco.
G é a Graça, ai mordeu-lhe uma carraça!
H é a Helena, é preta, diz que é morena.
I é o Ivo, põe na mosca um curativo.
J é o Jacinto, faz corridas com um pinto.
L é o Luís, tem macacos no nariz.
M é a Maria, come a sopa sempre fria.
N é o Napoleão, dorme dentro do colchão.
O é a Olga, todos os dias tem folga.
P é a Paula, entra de burro na aula.
Q é o Quintino, que na missa faz o pino.
S é a Sofia, engasgada com uma enguia.
T é a Teresa, come debaixo da mesa.
U é o Urbano, que caiu dentro do cano.
V é a Vera, com as unhas de pantera.
X é a Xana, caçando uma ratazana.
Z é o Zé, foi ao mar, perdeu o pé.
Luísa Ducla Soares, A Gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca, Teorema
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Dia de São Valentim
Para assinalar o Dia de São Valentim aqui vos deixo um poema de amor do grande poeta português Luís de Camões.
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
A Língua do Nhem
Havia uma velhinha
E estava sempre em casa
a miar nessa língua
Depois veio o cachorro
e todos aprenderam
De modo que a velhinha
ficou toda contente,
que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém.
E estava sempre em casa
a boa velhinha
resmungando sozinha:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
no canto da cozinha
escutando a velhinha,
principiou também
a miar nessa língua
e se ela resmungava,
o gatinho a acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
Depois veio o cachorro
da casa da vizinha,
pato, cabra e galinha
de cá, de lá, de além,
e todos aprenderam
a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
De modo que a velhinha
que muito padecia
por não ter companhia
nem falar com ninguém,
ficou toda contente,
pois mal a boca abria
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
A Paz
A paz
Sidónio Muralha, in Verso aqui, Verso acolá
é uma pomba que voa.
É um casal
de namorados.
São os pardais
de Lisboa
que fazem ninho
nos telhados.
É o riacho
de mansinho
nas pedras morenas
e toda a calma
do caminho
com árvores
altas e serenas.
A paz é o livro
que ensina.
É uma vela
em alto mar
e é o cabelo
da menina
que o vento
conseguiu soltar.
E é o trabalho,
o pão, a mesa,
a seara de trigo,
ou de milho,
e perto
da lâmpada acesa
a mãe que embala
o seu filho.
Sidónio Muralha, in Verso aqui, Verso acolá
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Poesia
domingo, 10 de fevereiro de 2008
A rainha Dona Urraca e a sua vaca
A rainha Dona Urraca
Viajava numa vaca.
Em vez de água da fonte
Bebia leite do monte.
Em vez de hospedaria,
Em cima dela dormia.
Sob a vaca se escondia.
A rainha Dona Urraca
Viajava numa vaca.
Nos seus cornos espetava
As malas que transportava.
A rainha Dona Urraca
Viajava numa vaca.
A sua telefonia
Era a vaca que mugia.
O pior um dia foi
Quando apareceu um boi
E a vaca apaixonada
Não quis viajar mais nada.
Luísa Ducla Soares
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Bom dia!
Arabela
Abria a janela
Carolina
Erguia a cortina
E Maria
Olhava e dizia
“Bom dia!”
Arabela
foi sempre a mais bela
Carolina
A mais sábia menina
E Maria
Apenas sorria
“Bom dia!”
Pensaremos em cada menina
Que vivia naquela janela;
Uma que se chamava Arabela,
Outra que se chamou Carolina
Mas a nossa profunda saudade
É Maria, Maria, Maria,
Que dizia com voz de amizade:
“Bom dia!”
Cecília Meireles
Abria a janela
Carolina
Erguia a cortina
E Maria
Olhava e dizia
“Bom dia!”
Arabela
foi sempre a mais bela
Carolina
A mais sábia menina
E Maria
Apenas sorria
“Bom dia!”
Pensaremos em cada menina
Que vivia naquela janela;
Uma que se chamava Arabela,
Outra que se chamou Carolina
Mas a nossa profunda saudade
É Maria, Maria, Maria,
Que dizia com voz de amizade:
“Bom dia!”
Cecília Meireles
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Girassol
Girassol Girassol
põe as pestanas ao sol!
O girassol parece um olho aberto
amarelo a olhar para tudo.
Passa uma perdiz e diz:
Girassol Girassol
põe as pestanas ao sol!
Passa uma abelha e diz:
Girassol Girassol
põe as pestanas ao sol!
Passa a tarde e anoitecer
Girassol Girassol
fecha as pestanas ao sol!
E o Girassol adormece.
Mª Alberta Menéres, Um peixe no ar, Plátano Editora
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Num Castelo de Castela
Num castelo de Castela
eram sete os castelões;
armados de sete espadas
pareciam sete leões.
Num castelo de Castela
eram sete as castelãs;
fiavam nas suas rocas
sete cores de sete lãs.
Num castelo de Castela
eram sete as torres de ouro;
na mais alta delas todas
estava preso o rei mouro.
Num castelo de Castela
sete eram as muralhas,
contra as suas pedras negras
sete foram as batalhas.
Num castelo de Castela
mataram os castelões;
sete cabeças rolaram
no lagedo dos salões.
eram sete os castelões;
armados de sete espadas
pareciam sete leões.
Num castelo de Castela
eram sete as castelãs;
fiavam nas suas rocas
sete cores de sete lãs.
Num castelo de Castela
eram sete as torres de ouro;
na mais alta delas todas
estava preso o rei mouro.
Num castelo de Castela
sete eram as muralhas,
contra as suas pedras negras
sete foram as batalhas.
Num castelo de Castela
mataram os castelões;
sete cabeças rolaram
no lagedo dos salões.
Num castelo de Castela
roubaram as castelãs;
levaram sete meninas,
deixaram ficar as lãs.
Num castelo de Castela
sete torres derrubadas;
na mais alta delas todas
o rei comia torradas.
Num castelo de Castela
o buscaram sete infantes
num carro de sete rodas
puxado por sete elefantes.
Num castelo de Castela
Com suas lendas medonhas
Fazem hoje sete ninhos
Sete casais de cegonhas.
Luísa Ducla Soares, A Gata Tareca E Outros Poemas Levados da Breca, Teorema
roubaram as castelãs;
levaram sete meninas,
deixaram ficar as lãs.
Num castelo de Castela
sete torres derrubadas;
na mais alta delas todas
o rei comia torradas.
Num castelo de Castela
o buscaram sete infantes
num carro de sete rodas
puxado por sete elefantes.
Num castelo de Castela
Com suas lendas medonhas
Fazem hoje sete ninhos
Sete casais de cegonhas.
Luísa Ducla Soares, A Gata Tareca E Outros Poemas Levados da Breca, Teorema
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Espanto
Uma gota de chuva
suspensa de um telhado.
Dá-lhe o sol e parece
pequena maravilha.
É um berlinde, dizem
crianças entre si.
É uma bola, e bela,
mas não rebola, brilha!
É a lua? Uma bolha
de sabão de brincar ?
Um balão ? Um brilhante
de uma estrela vaidosa ?
Diz a velhinha olhando:
Quem chorou esta lágrima ?
Uma gota de chuva
suspensa de um telhado:
Chegou uma andorinha
engoliu-a e voou.
MENÉRES, Maria Alberta,
Um peixe no Ar, Plátano Editora
suspensa de um telhado.
Dá-lhe o sol e parece
pequena maravilha.
É um berlinde, dizem
crianças entre si.
É uma bola, e bela,
mas não rebola, brilha!
É a lua? Uma bolha
de sabão de brincar ?
Um balão ? Um brilhante
de uma estrela vaidosa ?
Diz a velhinha olhando:
Quem chorou esta lágrima ?
Uma gota de chuva
suspensa de um telhado:
Chegou uma andorinha
engoliu-a e voou.
MENÉRES, Maria Alberta,
Um peixe no Ar, Plátano Editora
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Fevereiro Mês da Poesia no nosso blogue
O que é a poesia? O que são poemas?
Ser poeta é ser mais alto, é ser maiordo que os homens! Morder como quem beija!É ser mendigo e dar como quem sejaRei do Reino de Aquém e de Além Dor!
Florbela Espanca
A poesia é uma das sete artes tradicionais, através da qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos. O sentido da mensagem poética também pode ser importante (principalmente se o poema for em louvor de algo ou alguém, ou o contrário: também existe poesia satírica), ainda que seja a forma estética a definir um texto como poético.
porém a disciplina
- sílaba por sílaba -
o acompanha
sílaba por sílaba
o poema emerge
- como se os deuses o dessem
o fazemos.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Sophia de Mello Breyner Andresen
De instantes se forma o que se chama poesia. Da poesia à realidade vai a esperança que separa a folha da flor. A árvore existe. A vida não muda. Poesia, se não se faz: surge. Ninguém sabe o que é.
Segredo dentro de nós, e fora de nós. Está no corpo, e está no céu. Está na alma, e está na terra.
Alvaro Moreyra
Segredo dentro de nós, e fora de nós. Está no corpo, e está no céu. Está na alma, e está na terra.
Alvaro Moreyra
Penetra surdamente no reino das palavras.Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero,há calma e frescura na superfície intacta.Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.Espera que cada um se realize e consumacom seu poder de palavrae seu poder de silêncio.
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade
O poema não tem estrofes, tem corpo, o poema não tem versos,tem sangue, o poema não se escreve com letras, escreve-se com grãos de areia e beijos, pétalas e momentos, gritos e incertezas
José Luís Peixoto
José Luís Peixoto
Ser poeta é ser mais alto, é ser maiordo que os homens! Morder como quem beija!É ser mendigo e dar como quem sejaRei do Reino de Aquém e de Além Dor!
Florbela Espanca
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