Rosinha, levando à cabeça um cântaro de leite, bem assente sobre uma rodilha, pretendia chegar, sem complicações, até à cidade. Ligeira e de saia arregaçada, caminhava a passos largos, tendo posto, nesse dia, para ficar mais leve, uma saia simples e sapatos rasos. Assim arranjada, a nossa leitura sonhava já, com o dinheiro do leite e com a maneira de o empregar; compraria um cento de ovos e deitaria três ninhadas.
Tudo correria bem, graças aos seus cuidados.
-É fácil - dizia ela - criar frangos à volta da minha casa. A raposa terá de ser muito esperta para me não deixar os suficientes para comprar um porco. O porco, a engordar, gastará pouco farelo; e, quando tiver um tamanho razoável, vendê-lo-ei e farei bom dinheiro. E quem me impedirá de pôr no estábulo, visto o preço a que estão, uma vaca e um vitelo, que hei-de ver saltar no meio da manada? Neste momento, Rosinha salta, também, entusiasmada. O leite cai: adeus vitelo, vaca, porco, ninhada! A dona destes bens, deixando, com um ar triste, a sua fortuna assim espalhada, vai desculpar-se junto de ser espancada.
Dela se fez esta engraçada narrativa.
Chamou-se-Ihe a Bilha de leite.
Que espírito não tem ilusões?
Quem não faz castelos no ar?
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
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