segunda-feira, 14 de abril de 2008

O Capuchinho Vermelho

Era uma vez uma menina muito doce e muito meiga. Como era muito simpática, toda a gente gostava muito dela.
Um dia, a avó deu-lhe um capuchinho de veludo vermelho. A menina gostou muito do presente, passou a andar sempre com ele e, daí em diante, passaram a chamar-lhe «Capuchinho Vermelho».
Certo dia, a mãe chamou-a e disse-lhe:
- Leva este bolo e esta garrafa de vinho à tua avó que está doente e bastante fraca. Isto vai fazer-lhe bem. Vai sempre pelo caminho da floresta e não te afastes.
O Capuchinho Vermelho prometeu que se portaria bem, pegou na cesta com a comida e partiu depois de se despedir da mãe.
A avó morava no meio da floresta, longe da vila. Assim que a menina entrou na floresta, apareceu um Lobo muito grande, mas ela não sentiu medo nem desconfiou das suas más intenções, porque era muito inocente.
- Bom dia, Capuchinho Vermelho – cumprimentou o Lobo.
- Bom dia, Lobo – respondeu ela, delicadamente.
- Onde vais tão cedo, Capuchinho?
- Vou a casa da minha avó.
- E o que levas na cesta?
- Levo um bolo e uma garrafa de vinho. A minha avó está doente e estas guloseimas vão deixá-la forte e saudável.
- Onde mora a tua avó? – Quis saber o Lobo.
- Ainda falta um pouco para lá chegarmos. A casa dela tem uma sebe de aveleira e fica por baixo de três grandes carvalhos. Deves conhecê-la. – Informou a menina.
«Hum… que menina tão tenrinha! Se me despachar, posso almoçar a avó e saboreá-la à sobremesa.» - Pensou o Lobo.
- Olha à tua volta, Capuchinho Vermelho. Já reparaste como são lindas as flores desta floresta? Ouve o canto dos pássaros! És muito séria e caminhas sem ver a beleza que te rodeia. Olha para a floresta!
O Capuchinho Vermelho olhou em volta e viu os raios de Sol por entre a ramagem, o tapete de lindas flores que cobria o chão da floresta e pensou: «Se fizer um ramo com estas bonitas flores, tenho a certeza que a minha avó vai ficar muito feliz.»
Saiu do caminho e entrou na floresta para apanhar flores. Sempre que colhia uma flor, via mais adiante outra ainda mais bonita. Por isso, foi-se afastando cada vez, embrenhando-se na floresta.
Enquanto isso, o Lobo correu para casa da avó e bateu à porta.
- Quem é? – Perguntou a velhinha.
- Sou eu, o Capuchinho Vermelho – respondeu o Lobo, disfarçando a voz. – Trago um bolo e uma garrafa de vinho. Pode abrir-me a porta, avozinha?
- A porta está aberta. Levanta a tranca e entra. Não posso sair da cama porque estou muito fraca – respondeu a avó.
Foi o que o Lobo quis ouvir! Entrou em casa, correu para a cama e engoliu a avó num instante. Depois, vestiu as roupas da velhinha, cobriu a cabeça com uma toca, correu as cortinas da cama e deitou-se à espera do Capuchinho Vermelho.
Entretanto, a menina continuava na floresta a apanhar flores. Quando já tinha um ramo muito grande voltou ao caminho e continuou a andar para casa da avó.
Quando lá chegou, viu que a porta estava aberta. Surpreendida, entrou na sala e olhou em volta.
- «Por que será que sinto tanto medo? Não é costume sentir-me assim em casa da minha avozinha…» - pensou ela.
Aproximou-se da cama da avó e correu as cortinas. A avó estava deitada, com a toca na cabeça cobrindo-lhe parte do rosto. Parecia muito estranha…
- Avó, tens umas orelhas tão grandes!
- É para te ouvir melhor.
- Avó, tens uns olhos tão grandes!
- São para te ver melhor.
- Avó, tens umas mãos tão grandes!
- São para te abraçar melhor.
- Avó, tens uma boca tão grande e horrível!
- É para te comer melhor.
Dizendo isto, o Lobo saltou da cama e engoliu a menina. Depois, voltou a deitar-se, adormeceu e começou a ressonar muito alto.
Pouco depois, um caçador passou perto da casa. Ouviu o barulho e achou muito estranho que uma velhinha ressonasse tão alto. Resolveu ir ver o que se passava.
Entrou em casa e deu de caras com o Lobo deitado na cama. Percebeu logo o que se passara e pensou: «Deve ter comido a velhinha, mas talvez ela ainda esteja viva. Não posso dar-lhe um tiro».
Pegou numa tesoura e abriu a barriga do Lobo. Assim que começou a cortar, viu a ponta de um Capuchinho Vermelho. Cortou mais e a menina saltou cá para fora, exclamando:
- Tive tanto medo! Lá dentro está muito escuro…
A avó ainda estava viva e também se salvou.
Então a menina pegou numas pedras bem grandes e pesadas e colocou-as dentro da barriga do Lobo. Quando este acordou tentou fugir, mas não conseguiu porque as pedras pesavam muito. Caiu no chão e morreu.
O caçador ficou com a pele do Lobo. A avó comeu o bolo e bebeu o vinho que a neta lhe tinha trazido. O Capuchinho Vermelho pensou: «Nunca mais vou desobedecer à minha mãe e andar sozinha pela floresta»!

Irmãos Grimm

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