sexta-feira, 18 de abril de 2008

O HOMEM QUE VENDIA PROVÉRBIOS

À beira de Verdes Bosques chegou naquela manhã um vendedor que ninguém conhecia. Era baixo, delgado como um vime e tinha os cabelos todos brancos. Gritava:
- Provérbios! Provérbios! Provérbios novos e usados! Uma moeda cada um! Quem quer provérbios?
-E que fazemos nós com os provérbios? - perguntou-lhe muito admirada uma gorda padeira.
- Eh! Eh! - respondeu o homem. - Claro que com os provérbios não poderá fazer um avental ou fritar dois ovos, mas em compensação enriquecerá o seu pensamento. Não sabe que em cada provérbio está um quilo de bom senso?
- Essa é boa! - observou um homem que tinha um nariz vermelho de ébrio.
- Então, por uma moeda, que provérbio poderás vender-me, velhote?
O vendedor olhou-o longamente e depois vendeu-lhe este provérbio:
- "Quem do vinho é amigo, de si próprio é inimigo."
- Dê-me também um - pediu uma mulher, estendendo a sua moeda.
- Ora aqui tem o que lhe vai a matar... - respondeu o velho. - "Em boca fechada não entram moscas..."
A mulher, que era conhecida em toda a região por ser muito faladora, foi-se embora, envergonhada.
E foi assim que naquele dia, em Verdes Bosques, grandes e pequenos compraram, apenas por uma moeda, um quilo de bom senso.

António Sérgio

3 comentários:

  1. gostei, adorei muito esta historia.......... É muito bonita e mostra-nos que ate uma coisa que não nos interessa(provérbios)pode passar a interessar-nos!.............

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