sábado, 27 de outubro de 2007

Corre, corre cabacinha

Era uma vez uma velhota, que morava numa casinha à beira da serra.
Quando queria visitar os netos, que moravam longe, tinha de dar uma grande volta, para não atravessar a serra, onde havia muitos lobos.
Mas um dia em que a velhota foi ver os netos, resolveu ir pela serra por ser mais perto.
No caminho encontrou um lobo que lhe disse:
- Onde vais, velha?
- Vou ver os meus netinhos.
- Não vais, não, que eu como-te.
A velha pediu ao lobo que não a comesse ainda, porque estava muito magrinha, na volta já estaria mais gorda, porque os seus netos a tratavam muito bem. E trazer-lhe-ia também arroz- -doce para a sobremesa. Então o lobo deixou-a ir.
Assim, a velhota chegou a casa dos netos, que a receberam e trataram muito bem. Quando lhe apeteceu voltar para casa, os netos não a queriam deixar voltar pelo caminho da serra, por causa dos lobos. Mas ela, que era uma velha corajosa, teimou que ia, mas dentro de uma cabaça grande para se proteger.
Deram-lhe a cabaça, ela enfiou-se lá dentro e toca a andar que se faz tarde...
Um dos lobos, quando viu a cabaça, perguntou-lhe:
- Ó cabaça, viste por aí uma velha?
A velha dentro da cabaça, disfarçou a voz e cantou assim:

“ Não vi velha nem velhinha
Não vi velha nem velhão.
Corre, corre, cabacinha
Corre, corre cabação”

E pôs-se a correr.
Mais adiante, encontrou outro lobo que também lhe perguntou:
- Ó cabaça, viste por aí um velha?
E a velha enquanto corria, respondia:

“ Não vi velha nem velhinha
Não vi velha nem velhão.
Corre, corre, cabacinha
Corre, corre cabação”

Assim chegou a casa sem que nenhum mal lhe acontecesse.

Alice Vieira

2 comentários:

  1. qual é o proverbio deste conto! eu nao vejo qual é?

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  2. O conto ensina-nos a ter mais confiança naquilo que os velhos fazem e dizem e que, acima de tudo, conseguem ser mais espertos que os novos e que os animais, neste caso é a astúcia do lobo que é posta em causa, porque não conseguiu papar a velha!

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